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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Vontade de guardar seu sorriso
em uma caixinha e abri-la
sempre que a saudade
vier dormir no meu canto.
Inez Generoso

Quero-me Inteira

Ah! Que terrível mutilação
esse ter que nos dar assim
todos os dias!

dar-nos aos pedaços
- um pouco a um,
um pouco a outro,
sem que fique nada
de verdadeiramente nosso
em nós.

Pertencemos
aos que nos afagam por hábito,
aos que nos possuem com os olhos,
aos que nos esperam sensatos,
aos que nos amam doidos
e, afinal, aos que nos querem
como nós não somos.

Quero-me eu,
completa, autêntica, cheia de abandono
pertencendo-me sem nenhuma clemência
para com a alheia expectativa.

Eu, para dar-me ou negar-me
sem explicações, falsos pudores
ou inúteis justificativas.

Não é o melhor nem o mais fácil
o que peço.
Quero-me rir ou chorar
para viver ou morrer. Inteira.
Lara de Lemos

Asas

Eu tenho asas!
Piso o chão como pisa toda a gente
mas tenho asas
de impalpável tecido transparente,
feitas de pó de estrelas e de flores.
Asas que ninguém vê, que ninguém sente,
asas de todas as cores.
Pequenas asas brancas que me afastam
das coisas triviais
e as tornam leves, fluídas, irreais
- polén, nuvem, luar, constelações,
irisados cristais.
Asa branca minha alma a palpitar,
bater de asas o doce ciciar
de pálpebras e cílios.
Ó minhas asas brancas de cetim!
Revoadas de pássaros meus sonhos,
Meus desejos sem fim!
Fernanda de Castro

Constatação

À medida
que envelheço
As lágrimas
se escasseiam;
Cada gota
traz consigo
Um imortal
sentimento
de dor grave.

Não as gasto
com defuntos
ordinários
Oswaldo Antônio Begiato

Compensações

Com as pequenas coisas
Que em mim melhoraste
Fizeste para ti um castelo.

As grandes coisas
Que de ti me permitiste
Fizeram de mim rei.

Enfim somos vidas e existências
Em um reino encantado.
Oswaldo Antônio Begiato

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Uma Alegria Para Sempre

Para Elena Quintana

As coisas que não conseguem ser
olvidadas continuam acontecendo.
Sentimo-las como da primeira vez,
sentimo-las fora do tempo,
nesse mundo do sempre onde as
datas não datam. Só no mundo do nunca
existem lápides... Que importa se -
depois de tudo - tenha "ela" partido,
casado, mudado, sumido, esquecido,
enganado, ou que quer que te haja
feito, em suma? Tiveste uma parte da
sua vida que foi só tua e, esta, ela
jamais a poderá passar de ti para ninguém.
Há bens inalienáveis, há certos momentos que,
ao contrário do que pensas,
fazem parte da tua vida presente
e não do teu passado. E abrem-se no teu
sorriso mesmo quando, deslembrado deles,
estiveres sorrindo a outras coisas.
Ah, nem queiras saber o quanto
deves à ingrata criatura...
A thing of beauty is a joy for ever
- disse, há cento e muitos anos, um poeta
inglês que não conseguiu morrer.
Mario Quintana

Pequenas Epifanias



Dois ou três almoços, uns silêncios
Fragmentos disso que chamamos de "minha vida".

Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de "minha vida". Outros fragmentos, daquela "outra vida". De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos.

Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.

Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto: "Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível". Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece.

De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou — descuidado, também — em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia.

Era isso - aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.

Caio Fernando Abreu

Iceberg

o que escondo
nem sempre é
a minha parte
mais perigosa

um bloco de ternura
hiberna
há muitos invernos
submerso em mim
à espera
de tantos reencontros

Ademir Antônio Bacca

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Meditação À Beira De Um Poema


Podei a roseira no momento certo
e viajei muitos dias,
aprendendo de vez
que se deve esperar biblicamente
pela hora das coisas.
Quando abri a janela, vi-a,
como nunca a vira,
constelada,
os botões,
alguns já com o rosa-pálido
espiando entre as sépalas,
jóias vivas em pencas.
Minha dor nas costas,
meu desaponto com o limite do tempo,
o grande esforço para que me entendam
pulverizaram-se
diante do recorrente milagre.
Maravilhosas faziam-se
as cíclicas perecíveis rosas.
Ninguém me demoverá
do que de repente soube
à margem dos edifícios da razão:
a misericórdia está intacta,
vagalhões de cobiça,
punhos fechados,
altissonantes iras,
nada impede ouro de corolas
e acreditai: perfumes.
Só porque é setembro.
Adélia Prado

Impressionista

Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.
Adélia Prado

Infância

Um gosto de amora
comida com sol. A vida
chamava-se "Agora".
Guilherme de Almeida

Depois de Tudo

Mas tudo passou tão depressa
Não consigo dormir agora.
Nunca o silêncio gritou tanto
Nas ruas da minha memória.
Como agarrar líquido o tempo
Que pelos vãos dos dedos flui?
Meu coração é hoje um pássaro
Pousado na árvore que eu fui.
Cassiano Ricardo

Riachinho

As águas claras
me contam segredos
de sol, de céu, de ar
e cantam acalantos
de ninar
enquanto correm ligeiras
da montanha para o mar.
Roseana Murray

domingo, 26 de setembro de 2010

Cantinho Escondido

Cantinho Escondido
Intérprete: Marisa Monte
Composição: Carlinhos Brown, Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Cézar Mendes

sábado, 25 de setembro de 2010


A todos os ventos
eu peço coragem.


A cada estrela e estrada
Ao mar que não morre nunca
eu peço coragem.


E ao sol e à lua
E a todo o firmamento.


A cada pássaro
A cada pedra
A cada bicho da terra e do ar
Peço coragem a tudo o que vive agora
E ainda viverá
Coragem para cavalgar os dias
Navegar nas horas
E a cada minuto e segundo sonhar.
Roseana Murray

Alegoria Floral

Um dia em que a mulher nasça do caule da roseira
que cresce no quintal; ou um dia em que a nuvem
desça do céu para vestir de névoa os seus
seios de flor: seguirei o caminho da água nos
canteiros que me levam ao caule, e meter-me-ei
pela terra em busca da raíz.

Nesse dia em que os cabelos da mulher se
confundirem com os fios luminosos que o sol
faz passar pela folhagem; e em que um perfume
de pólen se derramar no ar liberto da névoa:
procurarei o fundo dos seus olhos, onde corre
uma tranparência de ribeiro.

Um dia irei tirar essa mulher de dentro da flor,
despi-la das suas pétalas, e emprestar-lhe o véu
da madrugada. Então, vendo-a nascer com o dia,
desenharei nuvens com a cor dos seus lábios, e
empurrá-las-ei para o mar com o vento brando
da sua respiração.

Depois, cobrirei essa mulher que nasceu da roseira
com o lençol celeste; e vê-la-ei adormecer, como
um botão de rosa, esperando que a nuvem desça
do céu para a roubar ao sonho da flor.
Nuno Júdice


No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá, Onde a criança diz:
eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
Funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta,
que é a voz
De fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio.
Manoel de Barros



quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Primavera


Setembro passeia pelos campos
como fada madrinha com sua varinha
a cada toque uma nova cor,
um fio de sol dourado, uma pétala de flor
um rosa inesperado, um verde adocicado,
Salamandras lilases e duendes verdes.
giram ao redor das fogueiras

Tudo na mata é louca sinfonia.

Setembro passeia pelos campos
despertando açucenas e quimeras
grilos, besouros, borboletas
tecem no ar de renda ... a primavera.
£una


A Primavera


Já vem a primavera, desfraldando
pelos ares as roupas perfumadas,
e os rios vão, nas águas jaspeadas,
os frondíferos troncos retratando;


vão-se as neves dos montes debruçando
em tortuosas serpes argentadas;
pelas veigas, o gado, alcatifadas,
a esmeraldina felpa vai tosando.


Riem-se os céus, revestem-se as campinas;
e a natureza as melindrosas cores
esmera na pintura das boninas.


Ah! Se assim como brotam novas flores,
se remoça todo o orbe... das ruínas
dos zelos renascessem meus amores!

Filinto Elísio

Primavera - Amor Mais Que Perfeito

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Opção


Há algum tempo,
fechei os armários antigos,
desliguei a televisão,
rasguei os jornais velhos
e também os novos...
desfiz-me de lembranças pardacentas,
comprei cores novas para as janelas
e fiz um pacto com a felicidade.
Sei que ainda haverá dias grises,
mas eu os ungirei de laranja,
só para não desapontar o sol
e banirei todas as lágrimas,
exceto aquelas
que dão vida ao arco-íris.
Basilina Pereira

Flor Acesa

Estou nua,
mas quero me despir ainda mais.
Corro atrás dos becos
onde milagres e blasfêmias acontecem
e a noite me espreita.
Não sei qual é o meu lugar e a minha hora...
Acho que nem o próprio instante é absoluto.
O mundo que percorro segue torto:
ouço címbalos entre as estrelas
e vejo luas retas em plena tarde;
sempre tive que esconder meus sentimentos:
protegê-los de piratas de outros mares
e das coisas que passam,
sem deixar o olor de sua essência.
Camuflo em mim a flor que segue acesa
- esse é o fato -
que se esgueira entre nuvens e trovões
à espera da cor de um novo dia.
Basilina Pereira

Preciso Me Encontrar


Intérprete: Marisa Monte
Composição: Candeia

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Insônia


 Silêncio.
Madrugada.
Rua vazia.
Uma lua branca de linho
estendida no escuro,
sobre o nada.
Num momento insone,
conversam confidentes
Presente, Passado, Futuro.
Um pensamento corta o espaço
versejando a esmo.
Escuto passos:
é meu coração abrindo a porta de mim mesmo.
Flora Figueiredo

Poema

Edifica-te:
Longe,
Silencioso,
Só,
Edifica-te admirável,
Com altitudes imensas,
E, para além da humanidade,
Sê grandioso, excessivamente...

Cresce sempre,
Como uma arvore de eterna vida...

Escapa ao que atinge a todos.
Constrói-te para um tempo sem fim,
Que nunca te termine,
Ainda que morras todos os dias!

Sê o infindável,
Feito de renascenças sem termo...

Para lá das amarguras humanas,
Sê o que ficará para consolo e exemplo dos que vierem,
E cujo nome será,
Na terra triste,
Benção imortal para tudo o que vive!...  
Cecília Meireles

Venha...

Penso...

Vida...

Aos caminhos...

Quando você se sentir sozinho...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Nirvana II


Quando a noite se aprofunda e os seus sons vêm levemente
como poesias murumuradas à minh'alma asserenada,
eu me sinto tão volátil, tão etéreo, sem pecado,
tão envolto e tão parte de um poema transcendente e tão bonito
que chegasse de lugares tão sublimes de distância imensurável...
Eu me sinto assim qual se um cordão de encanto e sem tamanho
me ligasse aos longes pontos do infinito inexplicável
e, mais que anjo, mais que o favorito entre os serafins,
fosse, sim, parte de um Deus composto inteiro de pureza e de lirismo.
Eu, nesta harmonia, no nirvana, a colher e destilar as mais tocantes emoções.
Barão da Mata

Lirismo

Vem, canção bonita, alimentar minh'alma.
Vem, mulher-encanto, nutrir meus desejos.
Vem, lua crescente, pratear meu corpo.
Vem, noite serena, traze-me um poema
Fresco como a brisa, brando como tu.
Barão da Mata

Amo A Noite

Eu amo a noite e o seu silêncio sóbrio,
Os sussurros que vez por outra vêm quebrar o silêncio.
Amo a noite porque a noite é o abrigo do pensamento,
Porque a noite é o templo do sentimento e da poesia
E é às vezes a conselheira que nos guia e nos intui.
Amo a noite porque é onde cultuo emoções e belezas,
[fabrico poemas de morte e de vida, fazendo-me assim tão feito de alma,
Tão cheio de versos, tão pleno de lira, repleto de canto,
Como se a noite e eu cantássemos juntos iguais emoções.
Barão da Mata

domingo, 29 de agosto de 2010

A Tarde Às Vezes Me Convida


A tarde às vezes me convida
para um volteio nos campos
entre contornos de montes
ante o silêncio de uma ermida

a uma luz inclinada
por um certo sopro de outono
em transparências de azul
às vezes a tarde me quer voo
por entre as nuvens compartidas

- a tarde se esquece às vezes
louca e lindamente
que não tenho o descompromisso
das aves, que sou gente.
Fernando Campanella

Que Mais Eu Posso Te Dar?


Trago-te um ramo de rosas
e um pote de framboesas.
Um pôr-do- sol depois da chuva
junto com as minhas tristezas.
Que mais eu te posso dar?
Dou-te a relva da campina
ainda fresca e orvalhada.
Te trago a primeira estrela
que nascer na madrugada.
Que mais eu te posso dar?
Dou-te uma salva de prata
cheia de conchas do mar;
um bando de borboletas
...ou um raio de luar?
Que mais eu te posso dar?
£una

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Rochedo


Ergo-me diante do mar
Solitário...
Com minhas asas de pedra,
Desafiando as ondas
Que procuram caminhos,
Debatendo-se sobre mim.
OCEANO!
Espalho-me imenso,
Profundo...
Carrego em minhas ondas
Naus e seus guardiões!
Beijo ilhas e praias macias...
Escalo rochedos e escarpas
E, imerso, abraço continentes!...
Conceição Bentes/Elïscha Dewes

domingo, 6 de junho de 2010

Procura-se

Fio D'água

Mais Nada

Nestes dias chuvosos, quando a tua
lembrança vem bater-me na vidraça,
recuso-me de todo a ver quem passa
e procuro nem sequer olhar a rua.

E pela noite dentro, quando a lua
é um pássaro triste que esvoaça
sobre a última árvore da praça,
onde um fantasma sempre se insinua,

reinvento-te e, à luz da madrugada,
concluo que, além de ti, não há mais nada.
Torquato da Luz

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A Poesia


Foi a noite calma
Que avisou à alma
Que a poesia é o canto,
Música ardente
Vinda lá do fundo,
Brenhas mais ocultas
Do peito da gente.

A poesia dança
Como leves notas,
Qual doces acordes
Flutuando doces
Num leve voar.

A poesia é chama,
Sentimentos férvidos,
É o cantar macio
Dos brandos riachos...
Orquestra afinada
Dos pássaros da manhã...
A imagem da musa
À luz de penumbra,
O ballet das velas
Nas ondas do mar:
Pobre todo aquele
Cujo peito apaga,
Cuja alma cala
Na mudez do não-sentir.
Barão da Mata