Já vem a primavera, desfraldando
pelos ares as roupas perfumadas,
e os rios vão, nas águas jaspeadas,
os frondíferos troncos retratando;
vão-se as neves dos montes debruçando
em tortuosas serpes argentadas;
pelas veigas, o gado, alcatifadas,
a esmeraldina felpa vai tosando.
Riem-se os céus, revestem-se as campinas;
e a natureza as melindrosas cores
esmera na pintura das boninas.
Ah! Se assim como brotam novas flores,
se remoça todo o orbe... das ruínas
dos zelos renascessem meus amores!
Filinto Elísio
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