Tem dias que brinco comigo
e busco um sorriso em algum fundo de traço,
talvez um caminho em que me encontre
ou algum outro no qual me perca.
Tem dias que dispo minha alma
e reviro-me criança fera de um não delírio.
Deixo a tristeza pintar um mar
e nuvens filmarem alegria.
Tem dias que cavalgo poesia
e planto palavras nos pés de meus anseios,
outros rasuro malícia e desmancho segredos
tatuados na ponta de alguns prazeres.
Nos dias escritos desencravo dores
destilo amores e afago torrentes.
Tem dias que saio de mim
olho de fora e queimo por dentro.
Tem dias nos dias férteis que viro semente
e de mim broto mulher alucinada
com minhas taras e meus frágeis medos.
Tem dias que esqueço de mim
e sem querer me acho, inteira.
Eliane Alcântara
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